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Krítica de Escritos de Vagner sobre último trabalho de Gerald Thomas!

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‘FETO’ – Um Banquete Estético no Meio da Desordem do Mundo!

‘F.E.T.O’  montagem em cartaz no Sesc Consolação é uma das melhores encenações de Gerald Thomaz, senão a melhor. Afinado com a sua sensibilidade, conhecimento e autoconhecimento,o artista, que sabe zombar de si mesmo, está em acords com o próprio caos e com o coração que quer abarcar o vasto mundo que aqui e ali explode em guerras. E ‘F.E.T.O’ pede paz entre mortos e os escombros dos tempos surdos e caóticos. 

A encenação tem a exuberância da ópera e a contenção do Teatro Nô que impõe a sua força ritualística dentro de uma peça que o explora o simulacro, a artificialidade, onde a verdade brota das profundezas do pântano do inconsciente, o mesmo que gera belezas como esta obra. Nelson Rodrigues também extraiu beleza da tragédia humana e das próprias memórias em ‘A Menina Sem Estrela’, portanto Gerald Thomaz é…

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Jamile Santana traz uma força consigo. Força ancestral, força coletiva. Nos conhecemos através de Érica Telles quando estávamos criando uma mesa para o Congresso da UFBA 2021. Desde então, Jamile tornou-se uma interlocutora. A cada conversa, um aprendizado. Ela já ensinou muitas mulheres a pedalar e desenvolve projetos na área da mobilidade. Mas quando falamos em mobilidade, falamos de uma esfera social que extrapola a ideia de simples locomoção. É que os modos de se mover estão diretamente relacionados com a construção do espaço público, ao direito à cidade e são essenciais na discussão sobre a questão climática. Nesta entrevista, Jamile fala sobre a infância em Pernambués, sobre os projetos desenvolvidos em Santo Amaro da Purificação e conta como começou sua trajetória no campo da mobilidade. Ela se inspira em vozes como a de Aílton Krenak e também faz sua parte para adiar o fim do mundo. Ouçam, Jamile!

Marcelo de Trói: Como começa sua atuação com a mobilidade?

Jamile Santana: Começou quando entrei no coletivo, até então de empreendedorismo, o La Frida Bike, em uma viagem pra São Paulo para o Fórum Nacional de Cultura. Tinha uma mesa falando sobre mobilidade e periferia com pessoas majoritariamente brancas e acadêmicas. Falavam de pessoas que pesquisam periferia, não no lugar de quem vive a periferia. Foram muitas falas deturpadas e o contexto do evento era de maioria branca. A partir desse incômodo e com essa mesa que era a única que poderia ter algum tipo de representatividade negra, eu me levantei e fiz uma fala. Eu mostrei essa relação de quem é uma mulher periférica e que acessou a bicicleta tardiamente. Eu aprendi a pedalar com 23 anos, meu irmão me ensinando debaixo de muita chacota e insensibilidade. Aprendi a pedalar nesse contexto. E enfim, nessa mesa, rolou todo esse conflito, a mesa acabou dentro dessa discussão e voltamos pra casa inquietas. Eu suscitei pra minha colega de coletivo de começarmos a ajudar mulheres a pedalar, muito inspirada também no Bike Anjo, um coletivo que ensina pessoas a pedalar no Brasil e tem um polo em Salvador. Só que pensamos nesse recorte racial e de gênero e, a partir disso, essa minha companheira de coletivo, que já tinha histórico com o Bike Anjo como voluntária, começou a ensinar. Eu, muito insegura, não sabia ainda, ao mesmo tempo que observava. Eu tentava ensinar e ia aprendendo. Depois eu me mudo pra Santo Amaro pra fazer minha graduação e nesse percurso comecei ensinar as mulheres aqui. Eu saia meia noite, na rua, pra poder pedalar, ver meu equilíbrio, delimitar um espaço no cantinho da pista, pra pedalar em linha reta. Pedalar e olhar pra trás e tentar manter meu equilíbrio. Eu começava a criar estratégias ali, aproveitando as ruas vazias à meia noite, quando não tinha fluxo de carro, pra poder no domingo ensinar as meninas, nesse mesmo lugar de insegurança, como exemplo vivo daquela possibilidade de ensinar e aprender. Retornava todo domingo com uma nova estratégia, de como elas poderiam perder o medo. Porque não é só o aprender a pedalar, são vários entraves que existem pra você trabalhar com mulheres de 50, 70 anos, que nunca pedalaram na vida. Você vai lidar não só com o fato de estar aprendendo tardiamente, mas as inseguranças que são colocadas, entraves sociais colocados contra a mulher o tempo todo, uma relação de pré determinação de gênero, limitações de arriscar e vivenciar novas experiências. De certa forma fui exemplo vivo do que era proposto como atividade e evolução desse lugar. É aí que a gente vai para um movimento revolucionário e onde começa minha história com a mobilidade. A partir dessa criação do “Preta, vem de Bike” e do movimento com todas essas mulheres pretas.

MT: Agora você tem um outro projeto, o Afrociclos. Como é?

JS: Nessa migração para cá, eu acabei me separando do coletivo que eu fazia parte e reconstitui um outro projeto de mobilidade com outras ramificações para a saúde, sustentabilidade, comunicação. Estou ativa em Santo Amaro com a Rede de Mobilização Coletiva Afrociclos, ou só Afrociclos, mas gosto de colocar o nome todo porque não é só uma pessoa, só Jamile, é toda uma rede mesmo, de pessoas que vêm e vão e que estão em ações, colaborando de diversas formas.

MT: E quantas pessoas hoje?

JS: Temos 14 pessoas, entre homens e mulheres, majoritariamente mulheres. Temos também pessoas trans.

MT: Na nossa última conversa, que foi a mesa no Congresso da UFBA, no início de 2021, eu havia enfatizado que como invenção moderna, a bicicleta, assim como o carro, era uma invenção muito localizada na branquitude e no universo masculino. Pra você, isso sempre foi evidente?

JS: Sim, principalmente em relação às evidências. Apesar da periferia sempre ter utilizado a bicicleta, a cidade não é constituída para esse modal de transporte, também é muito restrita aos homens, o que constatei na minha pesquisa. Desde a infância, em razão dessa determinação de gênero, mulheres brincam dentro do ambiente interno e homens no ambiente externo. Então, dentro do ambiente externo, esses meninos, por mais que sejam da periferia, que sejam negros, eles vão acessar, nem que seja um bicicleta que é pra rua inteira pedalar, eles vão acessar e aprender. Ao contrário das mulheres. Quando você vai pensar no contexto racial e de classe, população branca, homem, cisgênero, de classe média, você vê que ele tem condição de comprar bicicleta, ter a própria bicicleta. A maioria das crianças brancas têm sua própria bicicleta, aprendem na infância. Tem toda uma situação da zona de conforto e de privilégio que faz com que esse homens ocupem esse lugar da mobilidade ativa a partir da bicicleta. E quando a gente vê o contexto nacional de mobilidade, boa parte desses lugares estão ocupados por homens. A cidade é constituída para privilegiar uma classe média branca. E fica ainda mais demarcada, perceptível, quando esse lugar do transporte está favorecendo o transporte individual do homem branco. Ele ocupa esse lugar.

MT: Qual sua relação com o Centro Antigo de Salvador e como você enxerga essas questões na área?

JS: Eu nasci na periferia de Salvador, em Pernambués. Comecei a frequentar o Centro com meus 16 anos quando fui fazer o Ensino Médio. A partir disso,comecei a acessar o Centro para lazer e fui percebendo como o transporte público cerceava nossos passos. Tem o horário de pico, quando os ônibus levam a periferia para trabalhar nos centros e era muito isso que eu vivia. Minha mãe é uma mulher que já trabalhava nos Barris, então eu vejo o Centro como esse lugar onde estão centralizados recursos, como um grande espaço de exploração dos entes da periferia, onde se nega recursos para a periferia para centralizar na classe média. E as pessoas da periferia, majoritariamente negras, continuam subservientes a essa população branca hegemônica que ocupa o Centro.

MT: Ao mesmo tempo tem uma resistência negra no Centro. Isso também é visível.

JS: Sim, com certeza. E que inclusive são ameaçadas o tempo inteiro pelo processo de gentrificação, como temos agora a comunidade do Tororó que está ameaçada de expulsão para construção de um anexo do shopping ou alguma bobagem dessa, capitalista, desumana. Como a gente tem também a comunidade da Ladeira da Preguiça que já sofreu muita agressão da polícia, o prefeito ACM Neto queria tirar o povo dali. O próprio Pelourinho que a todo tempo está sendo vendido para o exterior, dos gringos que compram casa e fazem hostels, hotéis e ocupam esse lugar. E a periferia é o todo tempo violentada nesse Centro. Tem a comunidade da Gamboa que sofre até hoje diversas ameaças. Comunidades periféricas que resistem dentro do Centro Antigo e vivem ameaçadas pela gentrificação que só quer beneficiar a população eurodescendente desse país.

MT: Que diferenças nota entre essa mobilidade ativa no Recôncavo e em Salvador?

JS: Eu sinto que, em Salvador, a mobilidade ativa é sufocante. A cidade está sufocada porque estão querendo transformar Salvador numa grande São Paulo, acimentando, asfaltamento, viadutos, construções sem nem necessidade, com uma lógica carrocrata que reprime as possibilidades de mobilidade ativa. Caminhar na rua é mais difícil, tem a questão da segurança pública que não ajuda, iluminação, relação econômica do país que coloca as pessoas em estado de mais insegurança já que assaltos começam acontecer com mais frequência. Salvador está sendo sucumbida pela lógica carrocrata. Em Santo Amaro, respeita-se mais o ciclista, respeita-se mais o pedestre. Eu sinto que aqui tem mais ciclistas, mulheres que levam crianças para a escola de bicicleta. Várias mulheres têm a cadeirinha na bicicleta, tem padaria na bicicleta, empreendedorismo na bicicleta, tudo de forma muito orgânica. Serviço de delivery teve início da pandemia, mas não durou muito porque tem o mototáxi e a moto tem mais essa agilidade, apesar da bicicleta ser mais econômica. Tem os benefícios que a bicicleta tem em relação à saúde, mas falta um olhar. Falta política pública. Aqui não existe o olhar para a bicicleta como modal de transporte, apesar disso acontecer de maneira orgânica. Mas, estruturalmente, a cidade não é construída para a bicicleta e ela acaba reproduzindo toda a lógica de urbanização que vem das grandes metrópoles. É uma grande réplica. Começa na França, mas continua aqui de maneira colonial que é a lógica segregacionista que, por sua vez, é racista. É algo que vem sendo replicado, mas a mobilidade ativa aqui é mais forte e orgânica do que em Salvador. Andar de bike em Salvador é um ato político.

MT: Em relação a Afrociclos, vocês têm a intenção de conseguir estabelecer diálogo com o poder público? Influenciar políticas públicas?

JS: A gente tem essa intenção, porém estamos caminhando com nossas próprias pernas, queremos trazer exemplos de possibilidade. Porque não adianta a gente chegar lá, conversar, eles vão deturpar nossas ideias e colocar da forma que eles querem. Estamos construindo a partir de patrocínio, edital, de nossas próprias forças e ideias, possibilidades de uma comunidade exemplo. Estamos atuando na comunidade do Eldorado, uma comunidade do Movimento Sem Terra. Estamos buscando com um grupo de mulheres, onde temos mais diálogo, um grupo chamado Sementes do Eldorado, falar sobre política pública territorial e fazer a formação política para que a sociedade civil compreenda a necessidade de não aceitar tudo que é imposto. E como o Movimento Sem Terra já tem um projeto político que é extremamente progressista, de certa forma é um viés que estamos encontrando de maior diálogo para construir esse território modelo e tentar trazer isso para o poder público como real possibilidade de fazer transformação no planejamento e desenvolvimento urbano da cidade.

MT: Salvador, em especial, já foi palco de diversos conflitos e eu falo disso na tese. Os negros sempre são protagonistas dessas revoltas. Em que medida essas movimentações se ligam ao seu ativismo e o que você pensa como mobilidade.

JS: Com certeza tem muita ligação. São duas coisas que eu defendo, para além da mobilidade ativa, é a mobilidade coletiva. São duas formas de conseguir fazer uma cidade mais integrativa, menos poluente e que esteja a serviço de todos. Esses movimentos são revolucionários, trouxeram muitos benefícios, mas que são sucumbidos pelo capital que é esse lugar da carrocracia. Você só é alguém se tiver um carro. O status quo que se criou em cima do carro vai para além desse lugar de mobilidade, tem toda uma relação econômica, de “ter para ser” que é a lógica do capital. Nas brigas a favor do transporte público, das tarifas, todos esses movimentos depois da Revolta do Buzu foram quebrados, enfraquecidos. Justamente porque tem todo esse contexto de desenvolvimento urbano predatório, carrocrata, que influencia que o indivíduos só transitem pela cidade se ele tiver um carro. Se a gente continuasse lutando por transporte público, nós teríamos transporte de qualidade. Não ia ser necessário esse lugar de ter que ter um carro para ter que se locomover pela cidade. É onde o mercado aproveita pra vender, as concessionárias se aproveitam para vender o carro, comprar, ter. Vários trabalhos pedem carteira de motorista por mais que você nem use, por mais que não seja o foco do trabalho. Mas pedem exatamente nesse lugar. Temos uma mega estrutura trabalhando pra favorecer esse lugar, um diálogo público privado. Tudo depende de como a sociedade vai lidar com essas lutas. O fato da gente brigar menos e colocar as resoluções da vida na mobilidade reduzida ao carro tem feito cada vez menos as pessoas deixarem de lutar por transporte público. Tanto fez, tanto faz. Todo ano a gente sabe que vai aumentar a passagem, então vamos nos preparar para isso. Muita gente não anda de bicicleta porque já sabe: o motorista vai tirar uma fina, eu posso morrer, “não sei quem” morreu de bike, eu posso sofrer um acidente, sabe? O carro não respeita a bicicleta, então não vou pedalar. E daqui a pouco, a gente vai parar de andar na rua porque não tem calçada pra pedestre. Não tem calçada, a cidade está sendo construída para os carros e as calçadas ocupadas por estacionamento de carro. Os ônibus estão cada vez mais extintos das comunidades, o que fortalece mais o segregacionismo urbano. Eu não me aprofundei muito nos movimentos que você estudou e nem participei deles, mas minha irmã participou da Revolta do Buzu. Ele é ativista, filósofa, estuda Angela Davis, fala do racismo estrutural e institucional, ela se chama Itana Santana. Hoje ela não está ligada à mobilidade, mas querendo ou não, eu arrasto o bonde, ela está ligada nessa temática. Eu que ensinei minha irmã a pedalar. Hoje temos essa luta que é muito compartilhada, discutimos as possibilidades de adiar o fim do mundo, como diz o Krenak.

MT: O quão importante é a discussão sobre a crise, emergência e mudança climática. Isso está presente na rede Afrociclos?

JS: Sim, está completamente imbricado. Atuamos na área de sustentabilidade. Estamos ativando um projeto chamado Refloresta Favela que a gente faz um reflorestamento das periferias, pensando tanto na saúde, na soberania alimentar, plantando árvores frutíferas. Eu lembro que na minha infância em Pernambués, uma periferia rural pro contexto de 1992 e que ainda hoje é, e existem várias periferias rurais em Salvador, nós tínhamos uma grande extensão de mata. Hoje ela foi privatizada pra construção da pista Luís Eduardo Magalhães e destruíram boa parte da mata, desmataram pra construir essa pista de alta velocidade. Fizeram um muro quilométrico e deixaram toda a mata privada para o Exército. Eu lembro muito que, antes desse processo, minha infância toda foi ali, na mata, comendo fruta. Por mais que eu venha de uma condição sócio econômica de extrema pobreza e por mais que a gente não tivesse alimento em todas as refeições do dia em casa, a natureza nos proporcionava outras refeições. E tudo isso era de graça, estava ali para consumo nosso. Já que era uma mata extensa, quando chegava a época de verão, várias pessoas pegavam as frutas pra vender na feira. Ou seja, era um outro recurso que girava. Pensando em todo esse contexto e como vivenciei esse lugar da gentrificação, a gente vem aqui hoje com a Afrociclos, nesse lugar de fazer a Refloresta Favela, reflorestando as periferias com árvores frutíferas, pensando nesse lugar de soberania alimentar. Pensando nesse lugar da gente desenvolver uma lógica de desenvolvimento urbano sustentável, não predatório. A gente traz a discussão para o lugar dos rios, da poluição dos rios, do aterramento de rios pra construção de pistas, o que é um absurdo! Um grande retrocesso é a possibilidade dessa ponte Salvador – Itaparica. Espero que não aconteça e parece que já deu um chabu aí. Essa discussão sobre o clima é extremamente importante pras nossas lutas, pois estamos lutando contra o processo de globalização predatória, contra modais extremamente poluentes, lutando contra a lógica capitalista exploratória, contra o agronegócio. A gente atua junta com comunidades da agricultura familiar, quilombos, que trabalham nesse lugar de economia de subsistência que também estão na luta pela preservação dos rios, dos mares, dos mangues. Existem várias indústrias querendo se instalar no local. Ano passado, uma empresa queria se instalar em Santo Amaro para produzir produtos químicos. Foi uma luta. Aqui já é uma das cidades mais contaminadas com chumbo da América Latina por conta do desastre da Basam que era uma fábrica que tinha aqui. Essa discussão diante das condições climáticas do país, do mundo, é algo que vem junto com a gente. Nós tivemos um inverno completamente rígido e, pelo início da primavera, dá pra perceber que teremos um verão extremo. Todas as possibilidades que vamos criando, esse planejamento de construir comunidades modelos num lugar de urbanização e desenvolvimento urbano sustentável é exatamente pra mostrar, não só pra prefeitura, mostrar por mundo a necessidade de evoluirmos sem destruir. É possível.

MT: Isso é ecologia política pura. É o adiamento do fim do mundo de forma permanente. Quer falar algo pra encerrarmos essa entrevista?

JS: Eu costumo dizer que o futuro depende da nossa pressa. O presente é agora. Não precisa ter pressa pra construir movimentos megalomaníacos ou modelos de desenvolvimento que nos destroem. Se a gente seguir nessa lógica, mais rápido a gente acaba com o mundo. Pra adiar o fim do mundo, precisamos caminhar no passo de Tempo, no tempo de Tempo. A gente pode evoluir, sem destruir, de forma sustentável, digna, equânime, para que todos acessem recursos materiais, imateriais, intelectuais. Somos pessoas e temos direito de ter um bem viver.

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Banner da mesa que aconteceu no dia 25/02/2021 durante o II Congresso Virtual da UFBA

Hoje foi um dia especial. Acordei cedo como de costume e as 7h30 já estava on line para uma mesa que coordenei no II Congresso Virtual da Universidade Federal da Bahia. Tomei um susto quando nosso reitor apareceu na sala para nós desejar sorte. É uma honra estar vinculado a essa Universidade. Viva a Universidade pública e gratuita, viva a ciência e viva o conhecimento. Eu pensei em criar esse debate porque ele tem relação direta com minha tese de doutorado que se chama “Corpo Dissidente, Mobilidade e Direito à Cidade” e sobre a qual já falei aqui no blog.

Por ser um tema multidisciplinar, por ter uma relação muito próxima com a construção da cidade, da urbanidade, do espaço público e do direito à cidade, hoje a mobilidade é um tema central para se pensar justiça social e acesso ao espaço urbano. As relações entre gênero, raça e mobilidade são profundas. Eu tenho encontrado dados relevantes na minha investigação do doutorado sobre esse tema. Historicamente, as mulheres sempre foram colocadas de lado no uso de artefatos móveis, tanto quando da criação da bicicleta, no século XIX, como também no uso do automóvel. E graças a luta pelo uso da bicicleta por mulheres, nós chegamos a esse modelo de bicicleta moderna, porque antes o artefato era muito restrito aos esportistas. O uso da bicicleta por mulheres significou uma revolução comportamental na vestimenta, no papel social das mulheres. Também temos outros exemplos dessas relações: na Arábia Saudita as mulheres só passaram a dirigir automóvel há 4 anos, aproximadamente. E quando a gente vai pra questão racial, nós temos muitos outros dados e pesquisas que apontam como esses artefatos sempre foram um privilégio não só de classe, mas também de raça, de pessoas brancas. Tem toda uma questão sobre o uso de aplicativo para entrega, usado majoritariamente por jovens negros, com trabalhos precários. E mesmo hoje nas cidades, no caso da bicicleta, embora todas e todos nós que somos ciclistas, cicloativistas e sofremos com a violência do trânsito, totalmente dominado pelos carros, a gente sabe que uma mulher numa bicicleta encontra muitas outras barreiras e é alvo de violência dirigida. Ao mesmo tempo, muitas mulheres têm sido fundamentais na luta por uma cidade democrática e acessível. As duas convidadas para a mesa de hoje são prova disso. Veja a mesa clicando no link: https://youtu.be/aGD3rqdc0Fo

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A fábula delirante de Vagner Luís Alberto

escritosdevagner

Publicado emporescritosdevagner

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‘Colorado’ faz parte dos poemas da série ‘road movie’ escritos para entreter um viajante em terra estrangeira com saudades do Brasil inspirado na viagem real de Marcelo de Troi a América em 2012 publicado em 2014, remexido e remixado agora em 2020 na cadência de ‘Talking Heads Crosseyed and Painless’.

Oferenda paraStanley Kubrick.

COLORADO

Despertou com o som alto da hélice de um helicóptero,
madrugada de um domingo
ouviu uivos distantes deAllen Ginsberg os olhos estalaram no teto

dormira em maio acordava em junho
ninguém ao lado outra vez sozinha só a lua encaixada no retângulo da janelinha

um bilhete: caligrafia muda em cima da escrivaninha

adeus sem a viva despedida
o cara pálida foi embora com a sua camiseta Apolo 13.

lagrimou: o amanhecer apagou a lua  

a vida não se revelade uma vez

alugou um carro com motorista:
um cubano…

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MAHLER

via MAHLER

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via ‘BAILADO DO DEUS MORTO’ – Uma Cerimônia do a.Deus – ES CRITA

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Elke, uma representante rara dos terranos. Voa, maravilha!

escritosdevagner

adri 2

Sim, quase faltaram-me forças pra aceitar tua ausência, querida Elke!

Ao tentar me despedir da tua última presença física tive reação idêntica a quando tomei ayahuasca! Do Carlos Gomes ao São João Batista, vômito e caminheira incessantes por três horas à fio seguidas daquela sensação de alma espremida, exprimida, lavada em carne viva, suor e lagrimas! Pra depois vir a clareza e serenidade de abraçar tua eternidade. Presença mais que cravada em minha existência.

Maravilhosamente apátrida, russalemã criada com os negros de Itabira. Entidade irotulável. Perguntei certa vez se concordava que ela e Chacrinha foram os últimos verdadeiros tropicalistas, respondeu: Meu filho não queira nos engavetar, classificar! Fomos livres e libertários e só!

Liberdade e generosidade. Trocou a maternidade biológica para ser madrinha da diversidade, das putas, dos gays, dos catadores, dos leprosos, dos travestis…dos oito maridos!

Oito línguas, dezenas de culturas. Tinha o hábito incrível da analise morfológica, lingüística…

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